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Para chegar longe, não pare de correr

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Assim como a Pellegrino, que completa 80 anos de vida, empresas longevas determinam o ritmo da sua jornada com estratégias, investimentos e visão de futuro

Por Rosiane Moro

Podemos comparar a trajetória empresarial a uma ultramaratona, modalidade de corrida pedestre com distância superior aos 42,195 km da maratona clássica, indo facilmente além dos 100 km. Os primeiros quilômetros são saborosos, cheios de energia e entusiasmo. O longo desafio à frente é visto da linha de largada com brilho nos olhos. Os primeiros quilômetros são puro êxtase e mesmo com o ritmo das passadas e dos batimentos cardíacos alterados as subidas são obstáculos fáceis de serem ultrapassados. Tudo vai bem até metade da prova, quando o corpo começa a mostrar sinais de cansaço. As pernas e os pés doem, os ânimos não são os mesmos e o corredor automaticamente reduz a velocidade. Afinal, pressa pra quê? O importante é estar no jogo. Alguns quilômetros à frente, o organismo beira a exaustão. Esse é o ponto decisivo da jornada: se optar por uma paradinha, jamais vai recuperar o ritmo inicial. Após um breve descanso, as pernas não obedecem aos comandos do cérebro e tudo começa a desandar. O certo é reduzir os passos e, se preciso, até caminhar, mas parar, jamais!

O mesmo acontece com as empresas. Quando tudo parece complicado, os gestores decidem paralisar os projetos de inovação, investimentos e empreendedorismo. Esse pequeno momento de letargia pode parecer cômodo, dá até um respiro. Só que na prática tem o mesmo efeito de parar no meio de uma corrida. Se parar, não dá para recuperar a velocidade anterior e dificilmente se alcançará a linha de chegada. Para ter uma empresa longeva, além de uma gestão financeira saudável, é preciso ser estratégico.

O Brasil tem alguns exemplos marcantes de empresas de vida longa. O aftermarket está repleto deles. Basta dar uma espiada na lista de fabricantes de autopeças e veremos vários casos de empresas centenárias.O segmento conta também com muitos varejos longevos. E inclui também o distribuidor que não mede esforços para alcançar a idade centuplicada, caso da Pellegrino, que acaba de completar sadiamente 80 anos de vida.

Quando o jovem Dante Pellegrino abriu as portas da distribuidora, em 1941, em uma pequena garagem em São Paulo, o Brasil enfrentava nada menos do que os reveses do início da Segunda Guerra Mundial e uma severa crise de abastecimento. Período nada propício para começar um novo negócio, mas o entusiasmo, a veia empreendedora e a visão de futuro falaram mais alto e serviram de alicerce para a empresa dar os próximos passos.

A trajetória da Pellegrino coincide em vários pontos com o estudo realizado pela Fundação Dom Cabral, que investigou o segredo de 20 empresas brasileiras com mais de 30 anos de atividades e chegou à conclusão de que o dinamismo dos líderes com capacidade de antever o futuro, superar crises e transmitir sua visão de negócios para os outros são fatores essenciais para a longevidade, superando até o item financeiro.

Em 2004, a Pellegrino é incorporada pela Affinia, antigo grupo americano que reunia diversas empresas do segmento automotivo. Mas é em 2015 que ocorre a grande virada, quando o Grupo Comolatti, referência no setor de aftermarket na América Latina, assume a gestão da empresa.

Sob o comando de Sergio Comolatti, presidente do Grupo, a Pellegrino mostra todo o seu potencial e acelera sua expansão por todo território nacional: chega aos 80 anos com 28 filiais, um time com mais de 500 colaboradores só na área de vendas e é eleita a Melhor Distribuidora do Brasil, segundo o Prêmio Maiores e Melhores 2020, uma das mais importantes honrarias do aftermarket brasileiro. Uma prova de que a evolução constante e o investimento em capital humano são diferenciais para alcançar o crescimento e a longevidade nos negócios.

Inovação

O comportamento dos líderes descrito acima está diretamente ligado à inovação. Segundo Victor Mirshawka Jr, o consultor, palestrante, CEO da Pense Melhor Educação e autor de livros como o Gestão Criativa, “a longevidade depende da capacidade da empresa adaptar constantemente a proposta de valor oferecida aos clientes, seja por meio de produtos, serviços ou outra modalidade de geração de receita mais adequada às mudanças do mercado. E isso nada mais é do que inovação”.

Para manter o entusiasmo do início da corrida, o consultor elenca seis itens que devem estar no radar de todos os gestores, independentemente da idade da empresa.

São eles:

1. Alinhamento entre a estratégia e a cultura:  o planejamento estratégico da empresa precisa declarar transparentemente a inovação como elemento essencial, inclusive detalhando o caminho que se pretende seguir para alcançá-la.

2. Criação de indicadores de desempenho focados em inovação, que permitam inclusive avaliar a contribuição dos colaboradores nessa competência.

3. Contratação e capacitação de pessoas para pensarem e se comportarem de forma criativa.

4. Criação de uma estrutura formal capaz de acolher as ideias.

5. Participação em um ecossistema de inovação aberta, em parceria com universidades, centros de pesquisa, associações de classe e startups para potencializar o alcance da inovação e os custos.

6. Adoção de métodos ágeis

na gestão.

Para colocar as ações acima em prática, Mirshawka acredita ser necessária a participação ativa dos colaboradores e saber balancear os riscos envolvidos em um processo de inovação. “Tenha a certeza de que, se você não está inovando, alguém está. Portanto, crie um ambiente de segurança psicológica para seus funcionários, que permita o aprendizado a partir de experimentos e sem punições e adote você mesmo um comportamento inovador em suas ações e projetos.” A inovação é algo que precisa estar fortemente alicerçada nas pessoas e essa responsabilidade cabe à liderança.

A própria história da Pellegrino é permeada por vários momentos de inovação. Alguns grandiosos, como o de 1956, quando a empresa lançou o primeiro catálogo de peças do país, facilitando não só a vida dos clientes, que passaram a fazer os pedidos por telefone, uma grande novidade para época, como também dos funcionários da casa. Ou outros menores, como o de 1963, quando para comportar a escalada de crescimento a empresa precisou investir na aquisição de uma nova sede, na ampliação do quadro de funcionários e na capacitação da equipe. Ou ainda, quando criou sua primeira unidade regional em Goiânia, 1965, justamente para estar mais próxima dos clientes.

O atual gerente da unidade de Goiânia, José Burgato, há 34 anos na empresa, acompanhou de perto a expansão das unidades regionais e ele mesmo passou por várias delas. “Já trabalhei na unidade do Rio de Janeiro, em Ji-Paraná (RO), Campo Grande, São Paulo e Belém. A premissa da Pellegrino sempre foi atender às necessidades dos clientes e desde sua fundação busca o que há de mais avançado em termos de gestão e tecnologia. Na época em que não existiam os centros regionais de distribuição, algumas cidades do país levavam cerca de 20 dias para receber um pedido, algo que hoje é feito em até 48 horas.”

Para ele, que trabalhou inclusive ao lado de Dante Pellegrino, em 1976, ver a evolução do varejo de autopeças é muito gratificante. “É um segmento que passou por altos e baixos e conseguiu sobreviver a todos eles com resiliência. Muitas empresas que eu atendia nos anos 1970 estão no mercado até hoje sendo comandadas pela segunda geração.” O gerente acredita que, por mais que o mercado tenha mudado, existe algo que sempre será o diferencial desse segmento: o olho no olho com o cliente e o atendimento cordial e personalizado, seja por parte do distribuidor, seja pelos lojistas no balcão de peças.

Essencial é ter planejamento

Especialistas da área de gestão classificam as organizações como um organismo vivo e como tal carecem de cuidados diários para ter um envelhecimento saudável. Da mesma forma que os maratonistas ouvem os sinais do corpo ao longo da competição, as empresas precisam ouvir suas demandas, reservando momentos específicos de sua jornada para o treinamento, o aprendizado, o desenvolvimento e, quando necessário, para a transformação.

A preocupação com o porvir requer estudos constantes e documentação. Afinal, boas ideias, quando não colocadas no papel, são facilmente esquecidas ou engolidas pelos afazeres do dia a dia. “Muitos empreendedores possuem uma excelente bagagem técnica, mas para tocar um negócio é preciso planejar. Ações como o planejamento das atividades, desenvolvimento da área financeira, marketing, processos de trabalho e inovação quando não colocadas em prática podem levar ao encerramento das atividades”, alerta o consultor do Sebrae-SP José Venâncio Jr.

Segundo ele, toda empresa, independentemente de seu porte e em que fase da vida esteja, precisa utilizar ferramentas de planejamento estratégico que possam trazer direcionamentos para a liderança não ficar reagindo a esmo às mudanças do mercado. Para um planejamento ter resultados efetivos, alguns itens são essenciais. O primeiro deles é saber o propósito da marca, definindo sua missão, valores e benefícios do produto ou serviço oferecido. Depois é fundamental saber como anda o seu mercado de atuação, concorrentes atuais e os melhores fornecedores. Também nunca perca de vista onde pretende chegar e trace um plano de ação para buscar os resultados.

Um bom mapa em mãos ajuda a saber a hora exata de dar passos mais ousados, exatamente o que fez Dante Pellegrino na década de 1970. Com a solidificação da indústria automotiva no país, a empresa diversificou seu portfólio de produtos, o que atraiu a atenção da Dana Corporation, empresa americana de peças automotivas. Assim, em 1972, a Dana adquire 40% da empresa e, em 1977, após ficar 36 anos à frente do negócio, o empresário decide aposentar-se, passando 100% do controle da distribuidora para a Dana e iniciando um novo ciclo de vida para a organização.

Sem perder de vista as boas oportunidades de crescimento e com o intuito de manter-se sempre ativa no mercado, a Pellegrino ainda passou por outras fusões. Em 2004, é incorporada ao também grupo americano Affinia e, em 2015, acontece a virada mais certeira da organização, quando o Grupo Comolatti, referência no setor de aftermarket na América Latina, assume a gestão da empresa.

Ricardo Schafirstein, gerente das unidades de Belo Horizonte, Varginha e Juiz de Fora (MG), trabalha há 24 anos na Pellegrino e acompanhou de perto as transições nos negócios da empresa. “Toda empresa tem suas particularidades e cada fusão trouxe uma forma de gestão diferente, o que no início causou muita insegurança em função das alterações nos processos de trabalho, mas olhando agora toda a trajetória da empresa posso dizer que foram essenciais para a maturidade dos negócios e para manter a joviliadade da organização, mesmo com seus 80 anos de estrada.” Entre as diversas mudanças, a preferida do gerente foi a chegada da Rede PitStop, que ajudou muitos  varejistas a estruturarem a própria empresa com mais profissionalismo e eficiência, prontos para encarar os desafios futuros.

Sucessão levada a sério

Uma pesquisa realizada pela KPMG com empresas familiares apontou que apenas 47% dos entrevistados têm planos de sucessão detalhados, com orientações específicas sobre quem assumirá o controle. Além disso, 53% deles disseram que não possuem um projeto de aposentadoria formal, tornando o caminho incerto para os sucessores e para o futuro da organização.

De acordo com Hugo Menezes, da Menezes Marques Advogados, o que faz a maioria dos empresários negligenciarem a continuidade dos negócios é acreditar que isso é uma questão marginal, que não afeta a coluna vertebral do negócio. “O que eles não percebem é que as empresas familiares são empresas de pessoas, com suas crenças e traumas, com agregados que chegam ao longo do tempo, transformando o processo de sucessão em uma bola de neve, que exigirá muito trabalho, tempo e dinheiro para ser destruída e colocar tudo no eixo novamente.”

Ao contrário do que muitos pensam, o advogado destaca que o planejamento sucessório deve ser encorajado e pensado também pelos pequenos empreendedores. “Situações adversas, como briga entre os herdeiros ou os sócios, morte do fundador, divórcios conturbados e passivo fiscal gerado pela manutenção de herdeiros em CNPJs distintos, acontecem a todo momento, e deixar tudo organizando, observando inclusive a necessidade de procurações transitórias para casos, por exemplo, de problemas de saúde, é fundamental para longevidade e sobrevivência de qualquer empresa.”

O grupo Comolatti é uma referência nesse assunto. Fundado pelo patriarca Evaristo Comolatti, o grupo está sob o comando do filho Sergio desde 1994, atualmente o grande responsável pelo fortalecimento e expansão dos negócios da Pellegrino. Os resultados conquistados ao longo dos 80 anos dessa ultramaratona impressionam.

Da mesma forma que um corredor bem-preparado não padece no meio de uma maratona, uma empresa madura e bem planejada não corre o risco de desaparecer precocemente. Com preparo, treinamento, alimentação saudável e muita dedicação é possível cruzar com tranquilidade a linha de chegada. Afinal, a conquista da longevidade é um prêmio reservado somente às empresas com o melhor desempenho.

Sucessão bem planejada

Longevidade é um assunto constante na Estrela Auto Peças, de Mato Grosso do Sul. Para o empresário José Luiz dos Reis Chaves, proprietário de lojas nas cidades de Ponta Porã, Campo Grande e Dourados, 2021 é um ano pra lá de especial: a empresa comemora 35 anos de vida. A administração dos negócios é compartilhada com a esposa Edineuza e os filhos Danilo e Eveline. O segredo do sucesso está na dedicação total ao negócio. “Ter foco nos ajuda a planejar o crescimento de forma responsável e a criar diferenciais que nos destacam da concorrência, como a nossa oferta de atendimento 24 horas. Só fechamos a empresa em três feriados: Natal, Sexta-Feira Santa e 1º de maio”, explica José Luiz.

Outro mérito destacado pelo empresário é a longeva parceria com a Pellegrino. “A Estrela é uma das maiores compradoras de peças da distribuidora e somos clientes da empresa desde a nossa fundação e sempre com os pagamentos em dia”, observa. Como legado de sua gestão, o proprietário diz que gostaria de deixar para os filhos sua forma amigável, gentil e flexível de tratar os clientes.

O futuro é hoje

Fundada por Luiz Alberto Troiani, a Troiani Rolamentos, de Poços de Caldas (MG), está atualmente em fase de transição para a segunda geração da família. Os filhos Ana Paula, Paulo Henrique e Ricardo Augusto dividem a gestão da empresa, presente no mercado há 39 anos. Segundo o assistente administrativo Helton Romanely de Moraes, funcionário da empresa há 23 anos, a visão estratégica do proprietário e a valorização da equipe garantiram a longevidade da autopeças.

Sempre de olho na mudança de comportamento do consumidor, a Troiani se prepara atualmente para virar um autoservice. “Estamos remodelando nossos espaços de 5 mil metros quadrados distribuídos em um amplo estacionamento e dois galpões, um para o estoque e o outro para a loja, para oferecer mais conforto e comodidade para os clientes. Segundo Helton, a empresa reconhece a importância da parceira de longa data com a Pellegrino para o crescimento da empresa. “Somos, inclusive, associados da Rede PitStop e destaco como ponto positivo dessa parceria a política de descontos e os modelos de gestão.”

SAIBA MAIS

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HUGO MENEZES (MENEZES MARQUES ADVOGADOS)

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