Quando as promoções geram resultados bons e duradouros
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Não existe consumidor neste mundo que não goste de promoção. A sensação de bem-estar quando fechamos um negócio vantajoso tem sido alvo de estudos do marketing e da psicologia há décadas. E não só quando pagamos mais barato, mas também quando negociamos condições especiais de pagamento ou levamos para casa um item a mais, um brinde, um serviço adicional agregado ou até quando temos uma experiência de compra que acerta em cheio o alvo das nossas satisfações. Funciona para o consumidor comum e funciona nas relações B2B. Damos o nome de marketing promocional às estratégias de atração do cliente que oferecem a ele uma recompensa ao fim da jornada.
Qualquer comércio sabe disso. Pode conferir na padaria da esquina, nas prateleiras do supermercado onde ficam expostos os produtos próximos do vencimento e principalmente nas feiras livres, onde a promoção corre solta nas barracas e na gritaria dos vendedores. Mas antes de sair por aí anunciando descontos e oferecendo vantagens ao cliente, é bom planejar cada passo. Mapear e entender as motivações dele é fundamental para que a promoção gere bons resultados.
Para Stenio Souza, CEO da Smollan iTrade, empresa de soluções para o varejo que atua em mais de 50 países, mapear a jornada é o primeiro passo, afinal o preço é um fator de alto poder de conversão, mas nem sempre é o melhor a ser aplicado. “O objetivo é mostrar ao consumidor que ele está tendo um benefício real com aquela promoção e que os itens promocionais, ou prêmios, estão aderentes ao produto. Por exemplo, fazemos sempre os packs promocionais do nosso cliente do ramo de bebidas, muitos dos brindes promocionais são copos e taças, que potencializam a utilização das bebidas e criam um status diferenciado para quem tem esse item”, receita o empresário.
Resumir uma promoção a um simples desconto é, de fato, desperdiçar todo o potencial desse poderoso recurso de marketing. Se bem aplicada, ela pode ampliar a rentabilidade, aumentar o fluxo e até agir na fidelização do cliente. Tudo depende de uma boa estratégia, como ensina o professor Ricardo Pastore, coordenador do Retail Lab da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo. “Tudo depende do diagnóstico. Basta imaginar um paciente em consulta, dependendo da queixa ou da dor, o médico recomenda um tipo de tratamento, no caso aqui, um tipo de promoção. Primeiro o lojista define onde está o seu problema, o que precisa mudar, e depois escolhe as ferramentas, a promoção pode ser uma delas. Tanto para aumentar as vendas como para, por exemplo, fazer migrar clientes de produtos de margem baixa para produtos de maior valor agregado, tudo depende”, relativiza o professor, reforçando que quem não planeja e faz tudo de última hora normalmente não tem o problema resolvido, no máximo consegue um alívio momentâneo.
TODO DIA É DIA
Haja energia para acompanhar o ritmo das promoções da Auto Peças O Nem, de Beberibe (CE). Em setembro, mês de aniversário da empresa, teve até contagem regressiva, com o anúncio de uma oferta especial a cada dia para celebrar a data perto daquele que é a razão do negócio: o cliente. Para isso, a empresária Elydayane dos Santos Ribeiro não economiza na criatividade e muito menos presença na mídia social. O perfil da loja no Instagram é um verdadeiro festival de vantagens, sem contar as promoções-relâmpago enviadas diretamente para o WhatsApp da clientela. “Trabalhamos com metas diárias, então temos que fazer a coisa acontecer. Pelo menos três vezes na semana anunciamos alguma vantagem para o cliente, sempre levando em conta as margens e, claro, a rotatividade dos produtos”, entrega a inquieta Dayane, à frente da loja há 12 anos e convencida de que o cliente reage muito bem aos chamados de suas promoções, que privilegiam itens de alto giro, como baterias, lubrificantes e pneus. “É o queijo da nossa ratoeira”, brinca a empresária.
O diagnóstico prévio, portanto, é o que vai definir as melhores práticas. O importante é desenhar o mapa do cliente para construir a estratégia, pensando, inicialmente, na atração; afinal, ele precisa ser informado sobre a promoção, seja por mensagens diretas, seja por campanhas nas mídias sociais ou outros meios. Além disso, é importante reforçar a comunicação no ponto de venda, com sinalização, decoração e até a criação de ambientações especiais para dar visibilidade aos itens em oferta. Cuide para que a identidade visual e o tom da mensagem sejam o mesmo tanto no ambiente virtual quanto na loja física. “A convergência entre o que é comunicado no e-commerce precisa estar em linha com as estratégias de execução no PDV”, alerta Souza, lembrando que muitas vezes promover essa sinergia pode ser um desafio. “Principalmente quando as áreas de e-commerce e de marketing digital ainda não estão integradas. Muitas vezes, a sinergia de operações não existe, ou, quando acontece, os ‘tempos de execução’ não são eficientes.”
O professor da ESPM reforça: “para o cliente, ele está lidando com a mesma empresa. Não importa o canal, ele espera o benefício”. O que muda, segundo Pastore, são as ações específicas para cada ponto de contato. “O passo a passo da jornada é o processo que coloca o cliente em contato com o primeiro touch point, que pode ser o site. No percurso, deve-se apresentar a ele conteúdos que deem segurança de estar optando pela melhor escolha. A terceira etapa é promover o engajamento, convidá-lo a visitar a landing page ou preencher uma ficha em troca de alguma vantagem. Quando chega à loja física, o cliente já passou por toda essa jornada, é quando que a experiência tangível de fato se consolida.”
Os dois especialistas das estratégias de marketing recomendam ainda que uma ação promocional bem pensada é sempre uma oportunidade para reforçar o vínculo com o cliente. “Cria-se uma conexão entre consumidores e marcas que transcende o consumo do produto ou o benefício imediato. Quando as marcas conseguem tratar de ações táticas e promocionais com o propósito da empresa, o aumento de consumo e de consumidores embaixadores das marcas é potencializado”, diz o CEO da Smolland.