Vender sem perder a ternura
Escrito por admin -
Sua equipe está preparada para identificar, compreender e reparar as dores do cliente? Atendimento humanizado, empático e a prática da “escutatória” é tudo que ele mais precisa
O cliente chega mal-humorado, ansioso, exausto de rodar pela cidade. O carro está parado na oficina, e encontrar a peça para concluir o reparo tem sido uma missão e tanto. O item é fundamental para aplacar o seu cansaço, mas uma atitude simpática e solidária de quem está do outro lado do balcão pode dissipar a nuvem de insatisfação e abrir caminho para um diálogo construtivo. Pode ser, inclusive, o início de um bom relacionamento, afinal, segundo a pesquisa “Atendimento ao cliente 2021”, realizada pela Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, para mais de 95% dos entrevistados bom atendimento significa ser ouvido. Simples assim.
“O atendimento precisa ser encarado como um show e para ele acontecer é preciso muito ensaio e preparação. Portanto, o ideal é preparar a equipe com um script, ou seja, elencar previamente as queixas e perguntas mais comuns e treinar o time de vendas com um repertório das melhores ou mais adequadas respostas para cada questionamento”, explica o consultor Erik Penna, palestrante em Excelência no Atendimento e autor do best-seller “A Arte de Encantar Clientes”. Além da boa oratória, Penna diz que um script efetivo privilegia a “escutatória”. “Grande parte dos vendedores se concentra apenas no que vão dizer e esquece que a dica de qual argumento vai convencê-lo normalmente é dita pelo próprio cliente. O verdadeiro campeão de vendas é aquele que escuta as palavras que o cliente não diz”, aconselha.
Ainda de acordo com a pesquisa da Hibou, 65% dos entrevistados responderam que a malcriação de um funcionário é o motivo que os levariam a deixar de comprar de uma marca que eles realmente gostam, e quase 50% disseram que evitariam fazer negócios com uma empresa que não oferecesse um atendimento amigável. “Entregar um atendimento cortês, respeitoso, empático e tratar o outro como gostaria de ser tratado, são fundamentais”, ensina o professor do MBA em Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Eduardo Maróstica
Chato é não ter cliente
“Muitos vendedores ainda enxergam os clientes como um obstáculo, e a gente não pode pensar assim. Temos que colocar na cabeça que não existe cliente chato; chato mesmo é não ter cliente”, alerta Maróstica, ressaltando que um cliente feliz vai te recomendar ao passo que um cliente infeliz vai te difamar.
O estudo Global Consumer Trends 2019, da empresa de pesquisas Euromonitor, enfatizou que cada vez mais consumidores chegarão às empresas pelos canais oficiais, mas, sobretudo, pelas redes sociais, registrando ali os serviços considerados bons e os ruins, os atendimentos competentes e os incompetentes.
Para o professor da FGV, falar a verdade é sempre a melhor maneira de conquistar a confiança do cliente. “O interessante é prometer em cinco e entregar em três, essa antecipação do prazo vai surpreender positivamente o cliente.”
Treinar é preciso
Maróstica explica que o treinamento e aprendizado corporativo ainda não é, no Brasil, tão intenso quanto deveria ser. “No geral, as equipes de vendas são mal preparadas. Exige-se muitos dos vendedores, mas eles recebem pouco em troca”, avalia. E, segundo o professor, o aprimoramento precisa ser constante e incansável.